Com informações de: Por Andrea Bochi - Ascom/Sinait
“É preciso investir mais, realizar mais concursos públicos e capacitação para que se possa cobrar mais eficiência e eficácia do serviço público”, foi com essa declaração que a doutora em educação Heloísa Lück, palestrante do painel “A carreira e o desenvolvimento do servidor público centrados na competência” deu início à sua apresentação. O painel foi coordenado pela presidente do SINAIT, Rosa Jorge, e teve como debatedor o gerente de projetos da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Alexandre Kalil Pires.
Segundo Heloísa, apesar da falta de investimentos, os números indicam que os servidores públicos estão cumprindo o seu papel. Ainda de acordo com a especialista, a mobilização pela qualidade do serviço público é fundamental, mas não apenas as carreiras devem ser aperfeiçoadas, mas também as pessoas que as integram. “O equilíbrio é essencial”, ressaltou.
A autonomia da carreira no desempenho do serviço de caráter social específico foi uma das questões abordadas pela doutora, o que segundo ela, é sempre em grau relativo e nunca completo. “A autonomia corresponde à capacidade de assumir responsabilidades. A identidade da carreira é estabelecida e desenvolvida mediante uma série de fatores mediados pelo pensamento e sentimento do profissional. É crucial, portanto, que o profissional observe: A extensão e a profundidade de conhecimentos específicos à sua área de ação, a segurança com que os domina, os valores, ideais, atitudes que cultiva, e a coerência entre eles e o significado que atribui ao seu trabalho”. De acordo com a palestrante, as carreiras são frutos do posicionamento das pessoas e suas interações com o ambiente e não funcionam desarticuladas de outras, pois se completam.
Na opinião de Heloísa, é preciso um código de ética formal, pois embora se reconheça que haja uma escolha para a qualidade das pessoas das carreiras típicas, o código de ética é um exercício dinâmico e diário e que permite dar continuidade às ações.
Ao final de sua palestra, a professora sugeriu princípios de ação que poderão ser conduzidas pelo Fonacate: A construção de um corpo específico de conhecimentos, código de ética e de padrões universais de desempenho das funções típicas de Estado; a contínua formação de seu corpo funcional e a adoção de medidas que coíbam e previnam desvios em relação a esses padrões.
O debatedor do painel, gerente de projetos da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Alexandre Kalil Pires, deu início à sua intervenção destacando que a produção do trabalho é coletiva e que cada um está inserido no meio de um processo e interage com este. Outro elemento é como desenhar essa competência, o que para ele se dá a partir do cargo ou das decisões da organização. “A definição de desenvolvimento nas carreiras devem estar afinadas com a organização e com a sociedade. Para isso, é essencial o diálogo. A construção de valor comum depende disso e, por sua vez, facilita o funcionamento da organização”, explicou. Segundo Kalil, a definição de atribuições deixa mais claro o que se espera desse profissional e qual a sua capacidade.
Em relação aos instrumentos de gestão, ele afirmou que no serviço público há o costume de se “jogar fora” os instrumentos de gestão, permitindo que a tecnologia de gestão de competência se atenha à formação de conhecimento do processo. Segundo ele, dentro deste contexto não há como manter-se a avaliação de desempenho e que esse é um estágio que deveria ser aplicado após determinado período de experiência e aprendizado.
A presidente do SINAIT como coordenadora da mesa questionou os palestrantes: “Sabemos que houve o sucateamento do serviço público nos últimos 20 anos e que, apesar de não ser o ideal, vemos que estão sendo adotadas atitudes de reconstrução. A preocupação dessas carreiras é com a propaganda que forma uma imagem negativa do servidor público. Queremos ser tratados como um investimento do Estado e não como quem representa despesas. O que podemos fazer para mudar essa mentalidade ultrapassada e que não condiz mais com a realidade?”, questionou Rosa.
Para Heloísa, as carreiras típicas de Estado já vêm se destacando com um entendimento diferenciado por parte da sociedade. Percebe-se um movimento de renovação no serviço público e o desafio do Fórum é se antecipar às próximas gerações. “Promover o desenvolvimento é o grande mote. É importante, ainda, disseminar informações positivas na mídia e municiar a imprensa com essas informações”, aconselhou.
Na opinião do representante do Ministério do Planejamento, esse passivo será combatido com resultados, ética e posicionamentos combativos. “Esse papel de liderança desempenhado por essas carreiras poderá mudar essa mentalidade perseverante e a partir daí obtermos o reconhecimento do serviço público como um todo”, afirmou.
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