Estudo do Unacon Sindical, entidade afiliada ao Fonacate, aponta que a medida é contraproducente e que há outras alternativas de financiamento.
Com informações de: Valor Econômico
Ainda no campo das ideias, a proposta de cortar salários dos políticos e servidores públicos para bancar a prorrogação do auxílio emergencial em R$ 600 já começa a sofrer resistências. O Valor teve acesso a estudo do Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon), entidade afiliada ao Fonacate, cujo objetivo é mostrar que a medida é contraproducente e que há outras alternativas de financiamento.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) reafirmou na semana passada que o Congresso aceitaria discutir o corte salarial dos funcionários dos três Poderes para bancar a prorrogação do benefício. A proposta, segundo Maia, deveria partir do presidente Jair Bolsonaro, em diálogo com os presidentes do Legislativo e do Judiciário.
“Na crise, não faz sentido cortar despesas”, disse Bráulio Cerqueira, secretário-executivo do sindicato. Ele afirmou que o auxílio emergencial de R$ 600 é imprescindível. No entanto, financiá-lo com cortes salariais corresponderia a injetar dinheiro na economia por um lado e retirar do outro. “É inócuo”, comentou.
O gasto estimado para os três meses de auxílio emergencial é de R$ 152,6 bilhões. Cerqueira argumenta que o governo tem recursos para bancar a prorrogação. Cita o saldo de R$ 1,2 trilhão na conta única do Tesouro e o lucro de R$ 500 bilhões do Banco Central.
O resultado do Banco Central, disse ele, não é transferido para o Tesouro por causa de uma alteração legal que entrou em vigor no ano passado. Mas poderia voltar a ocorrer, bastando mudar a lei.
Essa transferência, de fato, é objeto de negociação da equipe do ministro Paulo Guedes com o deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE). Ele pretende apresentar projeto de lei tratando do tema.
Para o sindicalista, há viés ideológico na proposta do governo. Um corte salarial de 25% em um mês não seria suficiente para bancar o benefício no mesmo período. De acordo com dados do Tesouro, as despesas com folha chegaram a R$ 313 bilhões no ano passado.
Em contraste, o governo liberou R$ 1,2 trilhão em recursos para o sistema financeiro. Cerqueira ressaltou que considera a medida correta, mas que não se exigiu nenhuma contrapartida dos bancos.
A área econômica se preocupa com as pressões pela prorrogação do auxílio emergencial, dado seu custo elevado. Considera ainda que os gastos com a pandemia devem ser temporários e limitados a este ano, para não alimentar dúvidas quanto à solvência do país. Um novo programa social, o Renda Brasil, está em formulação. O governo já concordou em prorrogar o auxílio emergencial por dois meses, mas quer reduzir o valor.
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