Com informações de: Suzana Leite - FONACATE
Ainda no ano de 2007, quando a Fifa confirmou o Brasil como país sede da Copa do Mundo de 2014, o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, disse que “a Copa seria da iniciativa privada”. Contudo, estudo do Tribunal de Contas da União (TCU) revela que sairão dos cofres públicos 98,56% dos R$ 23 bilhões orçados para as obras de 2014. “Portanto, quem irá movimentar toda a estrutura da Copa do Mundo de 2014 é o Estado”. A afirmação é do colunista de esportes Juca Kfouri, durante o último momento da 3ª Conferência Nacional das Carreiras de Estado, realizada nos últimos dois dias (15 e 16/5) pelo Fonacate, em Brasília, na presença de cerca de 400 servidores públicos de todo o país.
Durante o Talk Show – Copa do Mundo e Olimpíadas: O Estado está preparado?, Kfouri foi enfático em suas declarações. “A Copa do Mundo será realizada com 98% do dinheiro público, razão pela qual o Estado brasileiro precisa tomar as rédeas da organização deste evento esportivo”, disse. Kfouri ainda destacou: “Sediamos recentemente o Pan-Americano. O Brasil deveria ter gastado, apenas, R$ 400 milhões de dinheiro público para a realização do Pan. No entanto, acabou-se investindo R$ 4 bilhões e não ficando para a população nenhum dos legados prometidos pelo governo. Vamos partir com a mesma gente para fazer a Copa e o Rio 2016”, destacou.
Nesta semana, a Folha de São Paulo divulgou documento em que a Fifa considera crítica a situação das obras de estádios da Copa do Mundo. Há risco de atraso, em alguma proporção, em cinco arenas. A preocupação principal é com o estádio de Natal (RN), apontado como de “alto risco” de não ficar pronto a tempo para o Mundial. Das 12 sedes, Fortaleza é a única no prazo. O panorama para a Copa da Confederações de 2013 é ainda mais crítico. A Fifa aponta atrasos em três das quatro sedes já anunciadas para a competição.
“A partir de amanhã, começam as obras emergenciais, sem licitação, e, novamente, pagaremos a conta. E a desculpa é o noviciado. Não sou fracasso maníaco, ao contrário, mas tenho olhos pra ver e, quando conto o que vejo, gostaria de encontrar nas autoridades a resposta que eu espero”, disse Kfouri, em virtude da não resposta do Ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, diante da denúncia feita pela Folha.
Também participaram o talk show o coordenador de Políticas Públicas do Instituto Ethos, Felipe Saboya, e o consultor legislativo do Senado Federal Alexandre Guimarães.
Felipe Saboya tratou da necessidade da transparência nas relações público-privadas da Copa e dos Jogos Olímpicos. “Num evento de tal visibilidade, queremos colocar essas questões na agenda do Brasil para que o cidadão brasileiro possa exercer o seu papel de monitorar o investimento público, que é seu dinheiro”, defendeu.
Na opinião de Saboya, o grande problema do Estado brasileiro é a falta de planejamento. “A Copa foi um compromisso firmado pelo Brasil em 2007, mas somente discutido com a sociedade a partir de 2011”, disse. Ainda segundo o coordenador do Instituto Ethos, há, inclusive, falta de qualidade dos projetos de engenharia do Brasil. “Grande parte desses atrasos pode ser por pura incompetência, que encarece e atrasa todo o processo”, relatou.
Por fim, o consultor legislativo Alexandre Guimarães, tem resposta pronta para a pergunta “Copa do Mundo e Olimpíadas, o Estado está preparado?”. Durante sua apresentação, afirmou: “O Estado está preparado? Poderia estar, tem tudo pra estar. Estou sentado de frente a pessoas que tem essa capacidade. Mas acredito que o Estado não quer estar preparado. É o risco Brasil do serviço público. É o não se quer, talvez. Nós, servidores público, somos valorizados e temos que mostrar nos nossos órgãos o nosso valor.”
E acrescentou: “O governo está preocupado se os estádios vão ou não ficar prontos. E os aeroportos? E as questões de saúde, de transporte público? É o jeitinho brasileiro dando conta de tudo”, finalizou.
A programação do evento encerrou-se com o talk show. As discussões propostas na 3ª Conferência Nacional das Carreiras Típicas de Estado serão compiladas na “Carta de Brasília”, que, posteriormente, será entregue ao Congresso Nacional.
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